terça-feira, 20 de outubro de 2015

[+18]

Eu queria muito
Ter perdido a pureza
Num desses prostíbulos da vida...
Que um velho bêbado qualquer
Também tivesse me fodido gostoso
Me batido na cara,
Me sugado, até a última gota de líquido de gozo.
Assim mesmo...
Sem amor, carinho ou afeto.
Só invasão, dominação, tesão.
Queria muito que a minha primeira vez
Tivesse sido num banheiro público
Sujo
Amargo
Imundo
Com algum desconhecido
Que me lançasse um olhar sacana no metrô.
Queria que a única coisa que ficasse dele
Fosse as marcas de mordidas nos seios e hematomas nas coxas.
Entretanto, eu fiquei nua pra você
Despi tudo minuciosamente
Cê vislumbrou silhueta, curvas
Os desenhos e os traços da carne
E em mim ficou marcado seu cheiro
Seu prazer se impregnou.
Você foi cuidadoso, afetuoso...
Sorriu pra depois que tudo acabou.
Teria sido mais simples
Se tivesse apenas me comido
E ido.
Mas você insistiu em ficar até de manhã.
E agora me causou tanta confusão
Que eu nem sei mais
O que é amor ou tesão.
O que é você e o que sou eu
O que é nós.
Nós?

Crédito da Imagem: Gabriel Corrêa 

quarta-feira, 8 de abril de 2015

SETE LAGOAS, ESTAMOS NOS DIVORCIANDO.




Tô precisando do frio de Curitiba, e do calor humano de Pernambuco.
Ou até mesmo da insana loucura da capital.
As coisas aqui andam muito amenas, clima ameno, pessoas amenas.
E nada é tão broxante quanto coisas mornas.
Comida morna, café morno, suco morno, gente morna, amizade morna, amor morno.
Eu quis fugir, sem deixar bilhete de despedida na porta. Fazer a mala na calada e me jogar em qualquer outro lugar.
Eu quis ser Caio Fernando, e tirar borboletas da cabeça, precisava fazer meus pensamentos voarem um pouco.
Ando muito com o pé no chão. Centrada e psicologicamente entediada.
Eu to me deixando esfriar, porque o chão daqui rouba meu calor, e não me esquenta de novo.
Eu quis me jogar na multidão, mas ainda me sentia colorida demais num meio cinza.
Fui jogada de volta. Parei na rua, vesti um nariz, as coisas começaram a esquentar.. subia a temperatura, o suor começava a escorrer, tava quase lá... começava a borbulhar... Até o policial me jogar um balde de água fria.
Eu não me encontro aqui, e acabo ficando perdida dentro de mim mesma, nessa devassidão de fazer a mala na calada e me jogar na estrada.
A estrada é uma velha puta, na qual eu adoro me arriscar, mas não quero muito compromisso, eu me enlaço em cidades, mas no fundo, é pra essa velha puta que eu sempre quero voltar.
E aqui, nesse fim de mundo sem graça, eu me sinto naquele casamento, mero existencial, nenhuma vontade de ficar, nenhum tesão em continuar a dormir nessa terra.
Nenhuma alegria nesse bairro amargo. Ou nessa casa apagada.
Salvo algumas boas almas ferventes que mantiveram meu fogo aceso nesses longos 18 anos. Alguns velhos samaritanos irreverentes que me deram o prazer de sua honrada companhia. Desses, com certeza, minha alma vai clamar por um reencontro.
Nessa calmaria, eu não encontro paz... Já vi diversas vezes um rosto meu entrando no rio, e se deixando levar embora.
Faz parte de mim, eu não consigo viver algo muito tempo se não for forte. Precisa me pegar pela cintura e fazer a minha cabeça rodar. É da minha natureza andarilha, vagabunda, e sedenta por novos ares, novas artes.
E no meu eterno dilema de estar louca pra fugir e na eterna vontade de ficar... Faço minha mala devagar, escrevo cada despedida da maneira menos cruel possível, aprecio cada lugar subexistencial que eu criei aqui, pra suprir o que nunca teve, e me despeço do meu melhor romance, aquele água com açúcar, sem muita graça e calor, mas que a gente acaba até gostando porque não provou algo melhor.


-Paula Valentine

CEGA DE ROSA

Eis que cansei dessa demência insuportável
Que me arranca sono e causa medo.
Desse barulho de panelada
Dessa gente mal informada
Eis que finalmente eu me cansei.
Eu fechei os olhos pra essa dor
E tudo que eu consigo ver agora, é flor.
-Paula Valentine.



Silêncio.
Tudo se calou.
Quase tudo.
O som parou
As gotas mornas da chuva cessaram.
O barulho noturno era mínimo
A respiração ao lado, constante mais baixa.
O céu preferiu se calar também.
A dor nos ombros não alteravam...
Mas a paixão?
A paixão ainda gritava,
Incansável, furiosa
Gritava a ponto de furar os tímpanos
Penetrava na alma,
Rompia as cordas vocais,
faziam sangrar a garganta
E sair borboletas da boca.
Tudo se calou, mas a paixão ainda gritava.
-Paula Valentine


SENDO LUZ

Mesmo às vésperas da madrugada
Escura e sombria
Eu faço meu caminho brilhar.
Não porque sou estrela,
Mas porque carrego erotismo em mim.
A escuridão não me põe medo algum
Minha aura está clara.
Passo por catarses diariamente.
Se você estiver claro, meu amigo,
O escuro é um instigante lugar para estar.
Não é assustador, é apenas, confortável!
-Paula Valentine


A GENTE É PRAIA!



Olhos castanhos jogados
encima de outros olhos castanhos.
Você se faz sol em mim.
Eu sendo mar em você .
Uma ventania incomum
invade nossos estômagos,
provocado pela voança das borboletas.
Lençóis sendo ondas.
E nós, somos duas crianças,
de felicidade sincera,
vendo o paraíso marítimo,
pela primeira vez.
Paula Valentine

SIGNO ERRADO

Eu comprei estrelas pra colocar no meu céu.
Nas noites amargas elas transcendem, mesmo sendo de barro.
Em cada suspiro do cigarro que queima, as estrelas ficam vazias.
Eu consumida por elas.
E elas desgastadas por mim.
Eu sempre exigi muito brilho.
De mim e delas...
Sou do signo errado.